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“Passando a boiada” no catolicismo?

  Juliano Ribeiro Almeida   Os cidadãos desobrigados a apoiar o atual governo federal ficamos estarrecidos diante da fala do ex-ministro do meio ambiente Ricardo Salles na polêmica gravação da reunião ministerial de 22/04/2020, em que propunha aproveitar o momento em que a mídia estava focada na pandemia para “ir passando a boiada” das regulamentações ecológicas, afrouxando-as para favorecer o agronegócio. A expressão faz parte da alegoria do “boi de piranha”: para conduzir uma boiada para a outra margem do rio, o boiadeiro joga um animal que esteja velho ou doente para atrair a atenção das piranhas; e enquanto aquele coitado é devorado, toda a boiada passa com tranquilidade. A intenção de quem quer “passar a boiada” é tirar vantagem de uma crise, transformando-a em oportunidade para avançar sub-repticiamente.   O pontificado do Papa Francisco, em certo sentido, está sendo “boi de piranha” para teólogos e pastores que pretendem “passar a boiada” da Tradição e do M...

Foco no essencial

Nunca sequer imaginamos que chegaríamos a viver um tempo como esse, de pandemia e distanciamento social, que exigisse uma mudança completa dos nossos hábitos e práticas sociais, tendo que inventar novas formas de "presença" em reuniões, aniversários e até celebrações religiosas. No entanto, ao mesmo tempo em que choramos as mais de 100 mil vidas perdidas para a Covid-19 no Brasil, precisamos olhar com criatividade para o desafio que temos à nossa frente.  Geralmente passamos a dar mais valor às coisas das quais sentimos falta. Assim, essa crise inevitável que atravessamos há de nos ensinar a distinguir o essencial do acessório em nossa rotina. Afinal, todos estamos economizando muito, consequência da impossibilidade de praticar o consumismo, dogma principal da "religião" do mercado. A verdade é que necessitamos de bem menos coisas do que supúnhamos necessitar. Estamos tendo que enxergar, à força, que a vida é bem mais simples do que fingíamos que ela fosse. É certo ...

Cristo se fez pão?

Juliano Ribeiro Almeida          O Concílio Vaticano II ensina que “os textos destinados ao canto sagrado devem estar de acordo com a doutrina católica e inspirar-se sobretudo na Sagrada Escritura e nas fontes litúrgicas” ( Sacrosanctum Concilium , n. 121). A Instrução Geral do Missal Romano (3ª ed.), ao falar especificamente do canto de comunhão na celebração eucarística, repete o que já estabelecera sobre o canto de entrada (n. 48) e o da preparação das oferendas (n. 74), isto é, determina que seja “adequado, aprovado pela Conferência dos Bispos” (n. 87). Apesar de a CNBB ter publicado um Hinário Litúrgico oficial, ela não obriga as assembleias a usarem apenas estes hinos aprovados. O texto do Diretório da Liturgia apenas fala em “orientações”; por isso, as dioceses e movimentos têm tido total liberdade de confeccionar seus próprios hinários alternativos; e em geral os grupos musicais que sustentam o canto litúrgico se sentem livres para escolher à vont...