Lendo, dia desses, O retrato de Dorian Gray , de Oscar Wilde, deparei-me com esta belíssima narrativa de uma das aventuras do vaidoso Dorian: "Rumorejou-se uma vez que ia abraçar a religião católica romana; e sem dúvida, o ritual romano exerceu sempre sobre ele uma grande atração. O sacrifício quotidiano, mais terrível, com efeito, do que todos os sacrifícios do mundo antigo, emocionava-o profundamente, tanto pela sua soberba repulsão da evidência dos sentidos, como pela primitiva simplicidade dos seus elementos e pelo eterno pathos da tragédia humana que procurava simbolizar. Gostava de se ajoelhar no frio lajedo de mármore e de ver o sacerdote, nas suas vestes floridas, lentamente e com as mãos alvas, afastar o véu do tabernáculo ou erguer a custódia resplandecente de joias com aquela plácida hóstia que, às vezes, se julgaria ser, na verdade, o panis caelestis , o pão dos anjos, ou, revestido dos paramentos da Paixão de Cristo, partir a hóstia no cálice e bater o peito pelos ...
Blog do Padre Juliano Ribeiro Almeida, da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim-ES.