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Mostrando postagens de abril, 2018

O esplendor da liturgia

Lendo, dia desses,  O retrato de Dorian Gray , de Oscar Wilde, deparei-me com esta belíssima narrativa de uma das aventuras do vaidoso Dorian: "Rumorejou-se uma vez que ia abraçar a religião católica romana; e sem dúvida, o ritual romano exerceu sempre sobre ele uma grande atração. O sacrifício quotidiano, mais terrível, com efeito, do que todos os sacrifícios do mundo antigo, emocionava-o profundamente, tanto pela sua soberba repulsão da evidência dos sentidos, como pela primitiva simplicidade dos seus elementos e pelo eterno pathos da tragédia humana que procurava simbolizar. Gostava de se ajoelhar no frio lajedo de mármore e de ver o sacerdote, nas suas vestes floridas, lentamente e com as mãos alvas, afastar o véu do tabernáculo ou erguer a custódia resplandecente de joias com aquela plácida hóstia que, às vezes, se julgaria ser, na verdade, o panis caelestis , o pão dos anjos, ou, revestido dos paramentos da Paixão de Cristo, partir a hóstia no cálice e bater o peito pelos ...

A luz no espaço litúrgico

Uma das características mais próprias e marcantes da liturgia do rito latino sempre foi a sobriedade, a ponderação, o equilíbrio. Com algumas exceções à altura do esplendor do barroco e do rococó, em geral o culto católico sempre foi marcado por certa simplicidade nos ritos e nas ornamentações. Isso se acentua ainda mais em igrejas monásticas; e nessa categoria, destacam-se particularmente as de tradição cisterciense, trapista, camaldolense, cartusiana etc. Dos mosteiros, os católicos aprendem o importante conceito vacare Deo , isto é, "esvaziar para Deus": a ideia é fazer com que o espaço litúrgico seja sagrado, ou seja, "separado" para Deus, e conduza o povo à contemplação do mistério de Deus e de sua glória. Quando se busca o mistério, deve-se evitar tudo que é óbvio, claro demais, exagerado, tudo que "entrega o jogo de bandeja", tudo o que chama a atenção de maneira muito fácil. Pois a arte da liturgia está na atitude de "procurar a face de Deus...

As cores na liturgia

A Instrução Geral do Missal Romano (IGMR, 3a. ed. típica) estabelece: "Os acólitos, leitores e outros ministros leigos podem vestir a alva ou outra veste legitimamente aprovada pela Conferência Episcopal em cada região" (IGMR, n. 339). Isso significa que os acólitos, ministros extraordinários da distribuição da comunhão e leitores TÊM QUE usar veste litúrgica? Não! Apenas "podem" usá-la, conforme o costume do lugar. - os ministros extraordinários da distribuição da comunhão geralmente usam vestes litúrgicas (opa, jaleco ou paletó). Felizmente, em geral, têm usado vestes brancas, da cor que deve ser a toalha do altar e a alva dos ministros ordenados. - os acólitos podem usar a alva ou uma outra veste conforme o costume; em muitos lugares se usa batina com sobrepeliz; porém, a alva ou a túnica, com ou sem cíngulo (cordão que circunda a cintura), devem ser preferidas, uma vez que são mencionadas primeiramente no texto do Missal (e também por serem vestes mais f...

O altar e seus acessórios

No Brasil, muitas vezes as comunidades católicas ficam confusas diante de tantas orientações diferentes e contraditórias sobre a forma como se deve preparar o espaço litúrgico para as celebrações eucarísticas. Fica a impressão de que tudo depende do gosto do pároco ou do bispo locais, ou do perfil pessoal da(o) liturgista que assessora o curso de formação. Mas não é bem assim! Nós, que trabalhamos com liturgia (ministros ordenados e agentes leigos de pastoral litúrgica), temos um precioso instrumento oficial de trabalho que nos dá a orientação mais certa e segura: o MISSAL ROMANO. É nele que devemos buscar as respostas sobre como preparar cada detalhe da Sagrada liturgia, para que o culto que prestamos a Deus - como Igreja, por Cristo e no Espírito Santo - seja verdadeiramente CATÓLICO, isto é, UNIVERSAL, seguindo a longuíssima tradição que vem desde os tempos dos Apóstolos. No rito latino da liturgia católica, que é o nosso, a Santa Sé - isto é, o Bispo de Roma (Papa) e as institu...

Tem drone voando neste lugar

A liturgia católica é, por si mesma, uma linguagem e uma arte: linguagem porque trata da comunicação entre Deus e seu povo; arte porque é uma forma de representação do mistério invisível de Deus. A celebração eucarística possui duas partes: a liturgia da palavra, que é puramente linguagem, e a liturgia eucarística, que é uma representação ritual. Porém, a liturgia é uma linguagem própria e uma forma muito específica de representação, sem qualquer necessidade de inventarmos outras. Nas celebrações, é inconveniente acrescentar outros tipos de linguagem ou criar outra maneira de representar o mistério, além daquelas estabelecidas pela Santa Sé. Tentativas malsucedidas neste sentido são, por exemplo, fazer paródias com textos litúrgicos, como nas tais missas “sertanejas”, e representar teatralmente cenas da Sagrada Escritura durante a missa. Quando isso é feito, ao invés de ajudarmos o povo a rezar melhor, nós o atrapalhamos, porque estamos tentando substituir a linguagem e a arte próprias...