Uma das características mais próprias e marcantes da liturgia do rito latino sempre foi a sobriedade, a ponderação, o equilíbrio. Com algumas exceções à altura do esplendor do barroco e do rococó, em geral o culto católico sempre foi marcado por certa simplicidade nos ritos e nas ornamentações. Isso se acentua ainda mais em igrejas monásticas; e nessa categoria, destacam-se particularmente as de tradição cisterciense, trapista, camaldolense, cartusiana etc. Dos mosteiros, os católicos aprendem o importante conceito vacare Deo, isto é, "esvaziar para Deus": a ideia é fazer com que o espaço litúrgico seja sagrado, ou seja, "separado" para Deus, e conduza o povo à contemplação do mistério de Deus e de sua glória. Quando se busca o mistério, deve-se evitar tudo que é óbvio, claro demais, exagerado, tudo que "entrega o jogo de bandeja", tudo o que chama a atenção de maneira muito fácil. Pois a arte da liturgia está na atitude de "procurar a face de Deus" (cf. Sl 24,6; 27,8-9). O nosso Deus é aquele "que se esconde" (Is 45,15), é a latens deitas, isto é, a "divindade escondida". A graça da liturgia está justamente no "jogo" gratuito de esconde-esconde que a comunidade cristã "brinca" com o Senhor, conforme a imagem desenvolvida pelo grande teólogo Romano Guardini (a dimensão lúdica da liturgia).
A Instrução Geral do Missal Romano (3a. edição) aborda várias vezes este tema da simplicidade ao descrever como devem ser as "alfaias" litúrgicas (atenção: "alfaias" não são apenas os "paninhos" usados na Missa, mas também todos os móveis e objetos consagrados ao culto). Vejamos alguns exemplos:
- "Na ornamentação da igreja deve-se tender mais para a simplicidade do que para a ostentação. Na escolha dos elementos decorativos, procure-se a verdade das coisas e o que contribua para a formação dos fiéis e para a dignidade de todo o lugar sagrado" (IGMR, n. 292);
- "A natureza e a beleza do lugar sagrado, bem como de todas as alfaias do culto, devem ser de tal modo que fomentem a piedade e exprimam a santidade dos mistérios que se celebram" (IGMR, n. 294);
- "Deve-se buscar com todo o empenho aquela nobre simplicidade que tão bem condiz com a arte verdadeira" (IGMR, n. 325);
- "Há que se prestar a maior atenção àquilo que, na celebração eucarística, está diretamente relacionado com o altar, como são a cruz do altar e a cruz que é levada na procissão. Tenha-se grande cuidado em respeitar, mesmo nos objetos de menor importância, as exigências da arte, aliando sempre a limpeza a uma nobre simplicidade" (IGMR, n. 350-351).
Diante dessas orientações, as comunidades devem discernir muito bem como preparar o espaço litúrgico, como escolher os materiais que comporão o presbitério. Os modismos devem ser evitados, já que a liturgia deve ser expressão daquilo que é eterno, constante, permanente. Não se pode fazer e desfazer obras nas igrejas, de acordo com os gostos de quem está à frente no momento. O critério não pode ser a última novidade do mercado de decoração, como muitos fazem em casa: há pessoas que, a cada década, trocam o jogo de sofá e pintam a parede da sala de acordo com a tendência da moda. Em liturgia, não pode ser assim!
O centro de atração no espaço sagrado é o altar e o crucifixo, que expressam a essência do que acontece na Eucaristia: o mistério da morte e ressurreição do Senhor Jesus. Ele mesmo disse: "Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim" (Jo 12,32). É o mistério pascal celebrado que atrai todos a Cristo, e não os artifícios de lâmpada LED, pisca-pisca, chamarizes de todos os tipos, que podem ser usados nas vitrines dos mercados, mas jamais na liturgia! A Igreja diz: "Toda a celebração brilhe pela beleza e nobre simplicidade" (IGMR, n. 42), e não por truques de iluminação e decoração, com gosto duvidoso e efeito evidentemente passageiro como a cor da estação.
É preciso muito cuidado no uso da luz na liturgia, para que ela não ofusque o mistério que está sendo celebrado. Ao olhar para o presbitério, o olho precisa da luz APENAS para conseguir enxergar o que é importante, e sempre de forma INDIRETA, ou seja, nunca numa posição frontal. Nunca se deve ser obrigado a olhar para a própria lâmpada, pois isso atrapalha a visão, tira a atenção do que deveria estar no centro. Portanto, altares que acendem por dentro, LED's por detrás de cruz ou imagem e outras coisas igualmente esdrúxulas deveriam desaparecer por completo dos nossos espaços litúrgicos, em nome do bom gosto e do bom senso.
A Instrução Geral do Missal Romano (3a. edição) aborda várias vezes este tema da simplicidade ao descrever como devem ser as "alfaias" litúrgicas (atenção: "alfaias" não são apenas os "paninhos" usados na Missa, mas também todos os móveis e objetos consagrados ao culto). Vejamos alguns exemplos:
- "Na ornamentação da igreja deve-se tender mais para a simplicidade do que para a ostentação. Na escolha dos elementos decorativos, procure-se a verdade das coisas e o que contribua para a formação dos fiéis e para a dignidade de todo o lugar sagrado" (IGMR, n. 292);
- "A natureza e a beleza do lugar sagrado, bem como de todas as alfaias do culto, devem ser de tal modo que fomentem a piedade e exprimam a santidade dos mistérios que se celebram" (IGMR, n. 294);
- "Deve-se buscar com todo o empenho aquela nobre simplicidade que tão bem condiz com a arte verdadeira" (IGMR, n. 325);
- "Há que se prestar a maior atenção àquilo que, na celebração eucarística, está diretamente relacionado com o altar, como são a cruz do altar e a cruz que é levada na procissão. Tenha-se grande cuidado em respeitar, mesmo nos objetos de menor importância, as exigências da arte, aliando sempre a limpeza a uma nobre simplicidade" (IGMR, n. 350-351).
Diante dessas orientações, as comunidades devem discernir muito bem como preparar o espaço litúrgico, como escolher os materiais que comporão o presbitério. Os modismos devem ser evitados, já que a liturgia deve ser expressão daquilo que é eterno, constante, permanente. Não se pode fazer e desfazer obras nas igrejas, de acordo com os gostos de quem está à frente no momento. O critério não pode ser a última novidade do mercado de decoração, como muitos fazem em casa: há pessoas que, a cada década, trocam o jogo de sofá e pintam a parede da sala de acordo com a tendência da moda. Em liturgia, não pode ser assim!
O centro de atração no espaço sagrado é o altar e o crucifixo, que expressam a essência do que acontece na Eucaristia: o mistério da morte e ressurreição do Senhor Jesus. Ele mesmo disse: "Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim" (Jo 12,32). É o mistério pascal celebrado que atrai todos a Cristo, e não os artifícios de lâmpada LED, pisca-pisca, chamarizes de todos os tipos, que podem ser usados nas vitrines dos mercados, mas jamais na liturgia! A Igreja diz: "Toda a celebração brilhe pela beleza e nobre simplicidade" (IGMR, n. 42), e não por truques de iluminação e decoração, com gosto duvidoso e efeito evidentemente passageiro como a cor da estação.
É preciso muito cuidado no uso da luz na liturgia, para que ela não ofusque o mistério que está sendo celebrado. Ao olhar para o presbitério, o olho precisa da luz APENAS para conseguir enxergar o que é importante, e sempre de forma INDIRETA, ou seja, nunca numa posição frontal. Nunca se deve ser obrigado a olhar para a própria lâmpada, pois isso atrapalha a visão, tira a atenção do que deveria estar no centro. Portanto, altares que acendem por dentro, LED's por detrás de cruz ou imagem e outras coisas igualmente esdrúxulas deveriam desaparecer por completo dos nossos espaços litúrgicos, em nome do bom gosto e do bom senso.